O idoso e a ansiedade: condição natural ou consequência da ampliação da qualidade de vida?
A ansiedade é frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva. Os transtornos de ansiedade incluem características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados.
O idoso de 2018 frequenta festas, academias, viaja, sustenta a família, tem uma vida sexual mais ativa, cuida da aparência, enfim, não se limita a esperar e a parar no tempo. Em contrapartida, aspectos psicológicos que não os afetavam com muita incidência passam a acompanhá-los por mais tempo, como por exemplo, a ansiedade.
De acordo com o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 2014) os transtornos de ansiedade incluem características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. O medo seria uma resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto que a ansiedade é a antecipação de ameaça futura.
A ansiedade é frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva. Os indivíduos com transtornos de ansiedade em geral superestimam o perigo nas situações que temem ou evitam (DSM-V, p. 190).
Segundo Oliveira, Antunes e Oliveira (2017) as alterações fisiológicas, físicas e cognitivas comuns da terceira idade, podem vir em conjunto às perdas sociais e afetivas. A ausência de apoio emocional devido as condições inerentes do envelhecimento pode ser propícia ao surgimento ou agravamento da ansiedade, conduzindo a dificuldades nas relações interpessoais ou ao sofrimento psíquico.
Para os autores, apesar de ser uma condição natural do ser humano e útil – em certo grau – para a sobrevivência, a ansiedade pode causar sérios problemas de saúde, caso alcance um nível intenso e generalizado, concomitante a sintomas de extremos de tensão ou medo.
Quando a ansiedade se torna patológica, ela interfere negativamente na qualidade de vida dos idosos, portanto, é de grande relevância compreender o que é a ansiedade, saber que ela pode estar presente na vida desse idoso, cuja expectativa de vida se amplia e, que assim como a população de idosos aumenta, a incidência de novos casos surge. Vale lembrar que a expectativa de vida do brasileiro passou para 75,8 anos e a título de comparação, a expectativa de vida do brasileiro passou de 42 em 1940 para 76 anos em 2018. Por isso, a urgência de novos tratamentos e a capacitação de pessoas para identificar e auxiliar o idoso no enfrentamento dessa condição.
Assim, observa-se que o aumento da expectativa de vida da população permite que patologias como a ansiedade, possam ser estendidas à população idosa nos dias atuais. A própria “nova” vida em sociedade que permite ao idoso de 2018 experiências e expectativas diferentes e intensas, pode ser um elemento relevante na identificação dos perigos, em superestimarem os riscos das situações em que vivem e, consequentemente, no surgimento de novos casos de ansiedade na população idosa.
Seria então a ansiedade, nesses casos, oriunda da qualidade de vida e das expectativas do próprio idoso frente aos desafios da terceira idade, ou o resultado de uma condição natural do ser? Olhar com maior cuidado e estudar com mais ênfase essas questões pode ser a chave para se chegar a uma percepção melhor desse fenômeno.
Fonte: www.portaldoenvelhecimento.com.br